Califado: reino de terror que serve ao imperialismo

Professor Lejeune - 20-07-2015 4120 Visualizações

Introdução

Pretendo ajudar os leitores a se esclarecerem sobre os fenômenos do Islã político, o significado de “Califado, as raízes históricas do Islamismo no século VII na península arábica com Mohammed (Maomé), seus postulados, bem como mencionar os primeiros Califas.

Pretendo comentar sobre a primeira partilha feita do mundo árabe entre as potências vencedoras da 1ª Guerra Mundial, que ficou conhecido como Acordos de Sykes-Picot.

É nosso objetivo comentar sobre as várias correntes existentes no Islã moderno e atual, seus princípios, objetivos, postulados e sua força.

Falarei sobre o que venho chamando da “Internacional do Terror”, entrelaçado com as lutas anti-imperialistas da atualidade.

Ao final, apresento algumas conclusões.

Para preparar o presente trabalho, li em torno de 40 artigos de 15 autores, em 11 páginas na Internet, em sua maioria dedicadas ao Oriente Médio, em sua maioria referenciados na bibliografia final.

Os primórdios do Islã e os primeiros Califas.

Os árabes da península arábica não cultuavam nenhuma religião monoteísta. Ao contrário. Eram politeístas. Conviviam com uma pequena comunidade de judeus, como em todo mundo árabe – e o faziam em paz – e o cristianismo praticamente não havia chegado naquela parte do mundo.

O fundador dessa grande religião monoteísta foi Mohammad ou Maomé, nascido no ano 570 da nossa era, na cidade de Meca e morto em 632 na cidade Medina, ambas hoje situadas na Arábia Saudita. Essas são as duas principais cidades consideradas sagradas para o Islã. A terceira viria a ser Jerusalém, aprimeira direção da oração dos muçulmanos, que foi conquistada quatro anos depois da morte do profeta.

Maomé foi o que se pode dizer de um gênio. Na política, na administração do estado, nas questões de organização de um povo. E, principalmente, na criação de uma grande religião para o seu povo árabe. Assim como o cristianismo não rompeu a velha aliança do judaísmo, mas estabeleceu uma nova, com novos valores e com um novo líder – Jesus – o Islã também não rompe nem com o judaísmo, nem com o cristianismo.

Maomé faz uma mescla de ideias e teorias de cada uma dessas religiões e mesmo dando novas versões de episódios e fatos históricos anteriormente contados de outras formas. Maomé não tem papel divino como Jesus. O Alcorão – livro considerado sagrado para todos os muçulmanos – menciona 25 profetas, sendo Adão e Noé os primeiros, passando por Jesus e próprio líder da nova Igreja, Maomé, como sendo seu último profeta.

Com a idade de apenas 25 anos casa-se com uma viúva chamada Khadija, que era também comerciante. A partir desse momento, conta a história, Maomé afastava-se de sua tribo – Meca – e adquire o hábito de passar as noites em cavernas próximas, meditando. Eis que, conta a história, ele teria recebido as mensagens diretamente de Deus, através do anjo Gabriel (aliás, o mesmo que aparece nas religiões mosaicas tanto para Abrahão, quando este estava sendo testado por Deus para sacrificar seu filho, quanto para Maria quando anuncia para ela que terá um filho ainda que fosse virgem).

Daí em diante, praticamente tudo foi registrado pela história documental (diferente do judaísmo e cristianismo, que poucas coisas e fatos são documentados). Diz-se que, durante 23 anos,Maomé recebeu os versículos do Alcorão (chamados de Suratas) e os repetia aos seus seguidores que imediatamente anotavam. Posteriormente à sua morte, todas essas Suratas foram organizadas e transformaram-se no livro chamado Al-Corão sagrado.

Os quatro primeiro Califas.

Após a morte de Maomé em 8 de junho de 632, abre-se uma grande disputa na comunidade islâmica para saber quem seria seu sucessor. Muito parecido com a religião cristã nesse sentido quando esta elege um novo papa, o processo sucessório é quase dinástico e ficava nas mãos de poucos.

Existiram apenas quatro Califas, chamados “bem orientados”. São eles: Abu Bakr, tio do profeta, que governou pouco tempo, de 632 até 634. Esse foi o único dos quatro que morreu de morte natural. Todos os outros três seriam assassinados.

O segundo Califa foi Omar Ibn Al Khattab, que governou dez anos, de 634 até 644. Foi o período de grande expansão do Islã como religião e sob o seu califado Jerusalém foi conquistada. O terceiro Califa foi Othman Ibn Affan, que governou de 644 até 656. Por fim, o quarto e último Califa, que foi Ali Ibn Abi Thalib, que governou entre 656 e 661. Este último era primo do profeta e seu genro, pois casou-se com a sua filha Fátima.

Desde que Maomé morreu em 632, uma parte significativa da comunidade islâmica já achava que Alideveria ser o sucessor do profeta. Isso inicia uma disputa e uma divisão na comunidade que é sentido até hoje, entre os sunitas e os “xiitas”, que significa “partidários de Ali”.

O filho primogênito de Ali, Hassan não quis assumir o comando do Califado. A indicação deveria cair sobre seu irmão Hussein, que no entanto é sacrificado barbaramente, tendo virado o senhor dos mártiros do Islã e adorado pelos xiitas até os dias atuais. No dia de sua morte os xiitas, que devem representar apenas 20% dos cerca de 1,6 milhões de muçulmanos existentes em todo mundo, realizam as maiores manifestações do mundo, chamado de “dia do martírio”. Só no santuário em sua homenagem no Irã, 20 milhões de pessoas participam todos os anos.

O significado de Califado

Podemos dizer que Califado é uma espécie de forma de governar os humanos sob a religião islâmico. O objetivo do Islã, governar a comunidade muçulmana baseada em regras do Alcorão sagrado, dever-se-ia imediatamente estabelecer um estado islâmico, governado exclusivamente por um Califa a que todos deveriam ser fieis. O Corão seria uma espécie de constituição.

Os muçulmanos seguem mais um livro. Chama-se sunna, ou seja, as tradições e os costumes do profeta Maomé, que foram sistematizadas na forma de livro e deveriam ser seguidos por todos. Por fim, a sharia, que é o conjunto de leis e regras que devem ser observados por todos os muçulmanos. É como se fosse o direito islâmico.

Assim, o Califado, nesse contexto inicial da implantação da religião islâmica na península arábica, pode ser definido, de forma resumida, como a única forma de governo aprovada pela teologia islâmica.

Aqui devemos registrar, de forma resumida, a principal diferença, em termos de doutrina, entre sunitas e xiitas. Tanto sunitas como xiitas entendem de forma clara – e nisso são praticamente unânimes – que as revelações divinas encerram-se com a morte do profeta Maomé. Mas, para os xiitas, eles levam em conta a existência dos chamados imãs, homens sábios de descendentes do profeta (usam turbante sempre preto). Os xiitas não consideram os Califas como os sunitas.

Aqui é importante também mencionarmos o conceito de jihad. Quase sempre traduzida por “guerra santa”, o conceito nada tem a ver com guerra. Ele guarda uma relação direta com “empenho” e “esforço” individual e interior de cada muçulmano na busca de uma fé perfeita. Maomé mesmo menciona na sunna duas jihads. A primeira, que chamou de “Maior”, é mais importante, que é a definida acima. A segunda, chamou de “Menor”, seria a expansão e difusão do Islã entre outros povos.

Acordos de Sykes-Picot

Aqui damos um salto gigantesco na história, pois não é objeto deste trabalho, contar a história do Islã. O que temos de fato é que o islamismo virará um grande império, governado sempre por Califas. Expande-se imensamente por três continentes e provavelmente deve ter sido o maior que a humanidade conheceu em termos área geográfica dominada.

Chegamos ao início do século XX. Particularmente a partir da 1ª Guerra Mundial, eclodida em 1914, que opunha os aliados França, Inglaterra e Rússia (chamado de Tríplice Entente) contra a Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Otomano (turcos). Aos que gostam de história e de cinema, recomendo o filme Lawrence da Arábia, baseado na vida do escritor T. E. Lawrence, inglês (1888-1935), autor do livro famoso Os sete pilares da sabedoria. O filme foi agraciado com sete prêmios Oscar tornou-se um clássico.

Lawrence era um oficial inglês baseado no Cairo e solicita deslocar-se para a península arábica para ser um elemento de ligação com líderes árabes tribais para enfrentar o Império Otomano. Thomas Edward Lawrence vai se arabizando a cada dia. Mantém-se ao lado dos árabes, faz-lhes promessas em nome da Inglaterra, que esta nunca iria cumprir. Sente-se traído e afasta-se da vida pública.

Nesse contexto, um acordo iria mudar completamente a história da região para sempre. François Georges Picot, representando a França e do outro lado representado por Mark Sykes da Inglaterra, com o apoio da Rússia, celebram o chamado acordo de Sykes-Picot, no dia 16 de maio de 1916, antes mesmo do término da 1ª Guerra. Os bolcheviques, quando tomam o poder na Russia em outubro de 1917, denunciam esse acordo e trazem seus termos à público, pois era secreto.

Trata-se da completa divisão de todo o Oriente Médio entre as potências vitoriosas da época. Uma nova era colonial se abriria naquele momento. Os principais termos desse acordo foram referendados no Tratado de San Remo, de 26 de abril de 1920 e pela então Sociedade das Nações em 24 de junho de 1922.

Grosso modo, a Inglaterra abocanha a Jordânia, Iraque e a Palestina, enquanto a França ficaria com a Síria, Líbano e Sudoeste da Turquia. Finalmente, a Rússia fica com a Armênia e o Curdistão. Até a Itália posteriormente seria agraciada com ilhas do mar Egeu.

A região mencionada, para os árabes chamava-se Al Sham (O Levante). Era uma vasta região que compreendia os seguintes países da atualidade: Síria, Líbano, Jordânia, Iraque, Palestina, Chipre, Sul da Turquia. Toda essa região falava o árabe e tinha uma cultura comum fazia séculos. A partir dos acordos de 1916 e mais precisamente de 1920 quando assina-se o tratado de final da 1ª Guerra, as potências imperialistas começam a desenhar linhas imaginárias de fronteiras, criando países que nunca existiram de fato, mas eram apenas nomes de regiões.

O surgimento do fundamentalismo islâmico

Há duas grandes correntes fundamentalista do Islã na atualidade. A primeira chama-se wahabista. Esta foi fundada no século XVIII por Mohammad bin Abi Al Wahhab, de onde deriva a corrente, com a ajuda e o incentivo dos ingleses. Este dizia pregar a pureza do Islã, os seus fundamentos e princípios. Procura resgatar os princípios básicos do monoteísmo islâmico baseados exclusivamente no testemunho da fé e na unicidade de Alá, o seu Deus.

Essa corrente é hegemônica na Arábia Saudita. Esta por sua vez, financia as derivações islâmicas que se materializam em especial na Frente Al Nusra na Síria e Frente Islâmica, que praticam as maiores barbaridades contra aquele povo milenar.

Uma segunda corrente fundamentalista é a da chamada Irmandade Muçulmana, que é forte no Egito, onde surgiu em 1928, organizada por dois intelectuais chamados Hassan El Banna e Sayed Qutb. Possuem ramificações em vários países árabes. O primeiro ministro turco, Recep Erdogan pertence a essa corrente bem como o Hamas palestino.

Pregam a volta do califado islâmico. Seu grande lema pode ser assim resumido: “Deus é o único objetivo. Maomé o único líder. O Corão é a única Lei. A Jihad é o único caminho. Morrer pela Jihad de Deus é a nossa única esperança”. Por essas orientações vemos o quanto são fundamentalistas. E usarão todas as armas ao seu dispor, mesmo o terrorismo, para alcançar seu objetivo.

O novo “Califado”

O mundo foi pego de surpresa com a proclamação de um novo Califado no final de junho. E seu novo “califa” foi indicado como sendo Abu Bakr Al Baghdadi, nome em homenagem ao primeiro Califa bem orientado. Seu nome verdadeiro é Ibrahim Awwad Ibrahim Ali Al Badri Al Samarrai. Não se sabe muito a seu respeito. Fala-se que seria doutor em Ciência Política pela Universidade de Bagdá.

Desde 2003 quando os americanos ocuparam o Iraque a partir de abril, Ibrahim passou à luta da resistência. Fundou no Iraque uma “filial” do grupo terrorista Al Qaeda do então Osama Bin Laden. O nome adotado foi Estado Islâmico do Iraque e do Levante (cuja sigla em inglês correta é ISIS e não ISIL).

Essa organização adota prática terroristas. Sistematicamente divulgam vídeos na Internet que mostram as barbaridades que seus militantes cometem, em nome de Alá. Aqui vale registrar que a grande maioria dos sunitas e xiitas não concordam com essas práticas, a quem consideram avessa aos preceitos do Islã.

De fato, a religião islâmica é extremamente tolerante, apesar da imagem criada pela imprensa-empresa e mídia internacional. Mostram muçulmanos como sendo terroristas, seja em filmes, artigos, romances. Criou-se assim uma imagem distorcida dos muçulmanos. A religião islâmica determina que tanto judeus quanto cristãos devem ser protegidos sobre o império islâmico. Não se aceita violência que não seja para a autodefesa.

Nas localidades onde esse agrupamento terrorista controla, a sensação é de que se volta no tempo, ao século VII, da época de Maomé. São imediatamente proibidos o consumo de cigarro e álcool e as mulheres devem passar a usar imediatamente o veu que cobre todo o rosto. A legislação passa a ser a sharia e proclama-se o Estado Islâmico. Sem constituição e sem qualquer democracia participativa.

Esse agrupamento terrorista, que se articula com a Frente Al Nusra na Síria e com a Al Qaeda no Afeganistão, entre outros grupos terroristas, pretende ter a hegemonia política não só na região chamado de El Sham (Levante), mas uma hegemonia mundial. Um governo islâmico planetário. Cristãos, seguidores de outras denominações ou mesmo pessoas sem religião, seriam imediatamente obrigados a converterem-se ou morreriam. É à volta da barbárie. E tudo isso, com apoio dos Estados Unidos, como veremos.

A luta anti-imperialista no mundo Árabe

Com as revoltas árabes após 1920, cria-se no Oriente Médio, uma corrente nacionalista árabe muito forte. Que vai influenciar a tomada de poder no Egito em 1952, sob liderança de Gamal Abdel Nasser, do movimento dos jovens oficiais. Essa corrente também acabaria por defender a laicidade do estado, coisa muito rara na região.

A malfadada “primavera árabe” foi exemplo dessa luta política. De um lado forças conservadoras querendo manter tudo como estava e de outro, certas alianças informais de correntes progressistas, querendo criar um novo mundo árabe, livre da dominação imperialista.

Tenta-se há quase quatro anos derrubar o presidente da Síria Bashar Al Assad, que, com seu exército árabe, resiste e vem vencendo todas as batalhas. Bashar, como que para calar a boca do imperialismo, foi reeleito em 3 e junho passado para um mandato de sete anos com 86% dos votos válidos dos sírios, em eleições livre e limpas atestadas por observadores internacionais.

É antiga a aliança dos EUA e a sua agência de inteligência, a CIA, com grupos fundamentalistas árabes de orientação sunita. Em 1979 foi exatamente a CIA que montou e treinou os terroristas da Al Qaeda, no Afeganistão. Isso porque a URSS havia ocupado militarmente esse país. Na imprensa-empresa estadunidense esses terroristas eram chamados de “guerreiros da liberdade” (sic). O que resta dessa organização terrorista hoje pode-se dizer que é uma herança da guerra fria que, em tese, terminou em 1991.

Neste momento no mundo árabe a única lógica por trás dos EUA, Arábia Saudita e Israel de apoiarem esses agrupamentos terroristas sunitas é exatamente para enfraquecer a Síria, o Iraque e o Irã, além do Partido Hezbolláh, do Líbano. É o que vem sendo chamado de “arco da resistência” ao imperialismo. Os objetivos estratégicos dos Estados Unidos coincidem claramente com os do ISIS e dos terroristas em geral (WHITNEY).

Vemos hoje no Oriente Médio um profundo vazio político. Os Estados Unidos perderam as duas guerras em que se meteram na região. A do Iraque, de quem foram expulsos pelo atual primeiro Ministro Nuri El Maliki, que não aceitou a imposição de completa imunidade jurídica para os quase cem mil soldados que lá estavam. No caso do Afeganistão, as tropas estadunidenses devem deixar o país no próximo ano, sem serem vitoriosos.

Não podemos aceitar o que a imprensa-empresa insiste em dizer e confundir: o conflito regional é exclusivamente religioso. Tenho dito, é verdade, que existem componentes religiosos, mas a luta é essencialmente política. De um lado contra a dominação imperialista. De outro, lutar contra Israel, um enclave sionista e neocolonial no coração do mundo árabe.

Poderia dar aqui vários exemplos que comprovam isso. Em 2003, os xiitas do Iraque apoiaram a ocupação pelos EUA do país, para derrubar o governo de Saddam Hussein, um sunita. No Líbano, ao contrário, os sunitas estão basicamente em uma coligação política mais vinculada ao campo Ocidental. Agora mesmo no Iraque, o ex-comandante das Forças Armadas iraquiana da época de Saddam, general Izaat Al Duri, sunita e ex-baatista, faz aliança com os sunitas e terroristas do ISIS para derrubar um governo eleito democraticamente de um primeiro Ministro xiita.

Dessa forma, no bojo de uma grande luta política, formam-se basicamente dois grandes campos. Os que defendem a soberania de seus países e possuem concepções anti-imperialistas e de outro, os que são aliados dos EUA, qual seja, todos os agrupamentos terroristas em ação na região.

São objetivos da CIA no Oriente Médio: 1. Afundar esse mundo em guerras sectárias; 2. Desestabilizar governos com posições contra os EUA; 3. Redividir as fronteiras do mundo árabe, criando mini-estados sectários, em uma nova espécie de Sykes-Picot (CHIN). Tais objetivos coincidem com o do ISIS.

Conclusões iniciais

Sabemos de muitos projetos dos EUA e seu braço de inteligência a CIA, para o mundo árabe. O mais forte hoje é tentar dividir a Síria em três regiões, da mesma forma que querem dividir o Iraque. Este seria uma região sunita, outra xiita e o Curdistão ao norte.

A extrema direita estadunidense (Tea Party, Republicanos, neocons etc.), embarcam nesses projetos e são apoiados, lamentavelmente, por parte de uma dita esquerda, tanto no Brasil como no mundo. Temos dados concretos que os terroristas do ISIS vêm sendo treinados pela CIA na cidade jordaniana de Safawi desde 2012 para que pudessem combater os governos de Bashar e Maliki, apresentando-se como “rebeldes” (ESCOBAR).

Hoje, instalar o tal “Califado Islâmico” visa claramente derrubar Maliki do Iraque. Posicionamento de seu governo hoje não obedece ordens de Washington, é amigo do Irã, recusou a exigência dos sauditas de que seu governo teria que ter sunitas e o mais importante, venceu eleições democráticas. Ou seja, vamos vendo que o discurso estadunidense de “levar democracia” é verdadeira falácia. Vamos vendo ainda que seu discurso desde 2001 de “combater o terrorismo” é pura mentira, pois eles alimentam, financiam, treinam terroristas o tempo todo. Pagarão um elevado preço por isso. Os EUA e seus aliados europeus.

Nossas conclusões são claras: o ISIS terrorista que a mídia carinhosamente chama de “rebeldes” (sic), possuem três grandes objetivos no mundo árabe: 1 Destruir a soberania dos Estados da Síria e do Iraque; 2. Enfraquecer todos que forem aliados do Irã e 3. Dividir a Síria e o Iraque em três pequenos estados sectários (MOON OF ALABAMA/GREAVES).

Vimos recentemente as sanções que tanto os EUA e a União Europeia impuseram à Rússia. Em um momento que Israel perpetra os maiores massacres contra o povo palestino, que matou maior número de palestinos – quase dois mil – e mais de 300 crianças, ao invés o mundo impor duras sanções e punições contra Israel, a punida foi a Rússia.

Há algo de errado nesse mundo.

Bibliografia

1. Artigos

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2. Livros de apoio

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SALINAS, Samuel Sérgio, Islã: esse desconhecido, Editora Anita Garibaldi, São Paulo, 2009.

Observação: a imensa maioria destes artigos citados foram traduzidos pelo coletivo de tradutores denominado Vila Vudu, ao qual agradeço. Os da página Oriente Mídia foram traduzidos pela equipe do portal.

* Sociólogo, professor escritor e especialista em Mundo Árabe. Possui seis livros publicados, dos quais três tratam da Palestina e Mundo Árabe. Viajou ao Oriente Médio e conheceu seis países, em especial a Palestina ocupada onde esteve três vezes.